serrote 33
A serrote 33 traz a seção especial “9 perguntas para o Brasil de hoje”, na qual nove intelectuais – como Milton Hatoum, Maria Rita Kehl e Luiz Eduardo Soares – refletem sobre questões cruciais no país, da proliferação da violência ao silêncio dos escritores diante do autoritarismo.
Esta edição apresenta também um trecho do novo livro do filósofo Georges Didi-Huberman, que discute levantes populares no passado e no presente. E um ensaio da escritora Claudia Rankine sobre suas tentativas de questionar homens brancos sobre seus privilégios.
E ainda: as cartas de Hannah Arendt e Gershom Scholem sobre a banalidade do mal; um diário de viagem de Virginia Woolf; um manifesto de Lucía Lijtmaer em defesa do direito de protestar; uma viagem pela saga de Canudos por Hélio de Seixas Guimarães e Carlos Augusto Calil; e muito mais.
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Desqualificar a insatisfação é um dos pilares do conservadorismo. Desconsiderar um protesto como “inexpressivo”, minimizar denúncias como “exageradas” ou condenar posicionamentos como “radicalismo” têm sido estratégias recorrentes para implantar, em todo o mundo, uma abrangente agenda de conformismo.
Mas onde se tenta ver poça estagnada ou mar de placidez, o filósofo Georges Didi-Huberman enxerga “futuros possíveis”, um acúmulo de pequenas insatisfações, divergências pontuais e insurreições miúdas que historicamente costumam engrossar ondas de insurgência.
Foi assim em Canudos, como apontam as análises de Hélio de Seixas Guimarães e Carlos Augusto Calil – e é assim na militância obstinada daqueles que, ridicularizados como “ofendidinhos”, vêm, segundo Lucía Lijtmaer, mudando a paisagem política contemporânea.
O pequeno gesto, a escrita, são, por isso, formas mais do que eficazes de resistência.
Claudia Rankine, por exemplo, declara no título do ensaio que publicamos: “Eu queria
saber o que os homens brancos pensavam de seu privilégio. Então perguntei.”
Perguntar é o que a serrote também faz ao propor a nove intelectuais questões cruciais para o Brasil de hoje. Questões que dizem respeito ao presente e também, ou sobretudo, aos “futuros possíveis”. (Paulo Roberto Pires)
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9 PERGUNTAS PARA O BRASIL DE HOJE
Maria Rita Kehl
O ressentimento chegou ao poder?
Lola Aronovich
O que querem os haters?
Adilson José Moreira
Quem ri do racismo?
João Silvério Trevisan
O que ameaça os direitos LGBTQ?
Aparecida Vilaça
Por que os indígenas são um alvo?
Ricardo Antunes
O que restou do trabalhador?
Luiz Eduardo Soares
Quem precisa de uma arma?
Juliana Borges
A quem interessa lotar as prisões?
Milton Hatoum
O escritor pode ficar em silêncio?
DIÁRIO DE VIAGEM
Virginia Woolf
Uma visita a Montaigne
Em 1931, a escritora e seu marido, Leonard, fizeram a primeira de duas viagens ao interior da França para ver de perto a torre em que o autor dos Ensaios viveu e escreveu a obra que ambos cultivavam
BRANQUITUDE
Claudia Rankine / Antonio Obá
Eu queria saber o que os homens brancos pensavam de seu privilégio. Então perguntei.
ENSAIO VISUAL
Vânia Mignone
Tudo para desesperar, mas isso… jamais
POLÍTICA
Georges Didi-Huberman / Robert Longo
Ondas, torrentes e barricadas
A história e a arte ensinam que a revolta costuma nascer do luto e se propaga num turbilhão que mistura lamentos pessoais e coletivos, o próximo e o distante, numa extraordinária emoção coletiva
NO PAÍS DO CONSELHEIRO
Hélio de Seixas Guimarães / Fabrício Lopez
Antes de Euclides
Machado de Assis e Olavo Bilac registraram em crônicas visões divergentes dos conflitos narrados em Os sertões
Carlos Augusto Calil
Euclides no labirinto
Nas ruínas de Canudos, um escritor vive o doloroso embate entre convicções e teses “científicas” e uma devastadora experiência de massacre de toda uma cidade
CORRESPONDÊNCIA
Gershom Scholem / Hannah Arendt / Eva Hesse
Querida Hannah, Caro Gerhard,
Em cartas de 1963, os filósofos discutem vigorosamente as teses de Eichmann em Jerusalém e a ideia da “banalidade do mal”
CRÍTICA CULTURAL
Lucía Lijtmaer / Mel Bochner
Ofendidinhos
Ao desqualificarem movimentos sociais e identitários como simples queixa ou mimimi, os conservadores de sempre demonizam o protesto e colaboram para o avanço do obscurantismo e do fascismo
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