Resultado do 7o Concurso de Ensaísmo serrote
A poeta e artista visual Tetê, a antropóloga Camila de Caux e a escritora Maria Isabela Moraes são as ganhadoras do 7o Concurso de Ensaísmo serrote, promovido pela revista de ensaios do Instituto Moreira Salles. Além de receber prêmios em dinheiro, as três terão seus ensaios publicados na serrote 48, que chega às livrarias em novembro de 2024. O júri desta edição do concurso foi composto pelo escritor e sociólogo Evandro Cruz Silva, a poeta Marília Garcia, a historiadora Wlamyra Albuquerque e os editores da serrote, Paulo Roberto Pires e Guilherme Freitas.
Primeira colocada no concurso, Tetê (1998) nasceu em Marabá e vive no Recife, onde cursou faculdade de arquitetura e urbanismo. Desde 2021 participa de exposições coletivas no Recife e no Rio de Janeiro e já integrou antologias de arte e poesia (Garupa Edições, Propágulo). No ensaio “Políticas espaciais do afeto”, ela revisita sua trajetória entre o Pará e Pernambuco e lança um olhar crítico sobre os espaços urbanos com uma análise da prática de encontros casuais em locais públicos, implodindo os muros historicamente erguidos entre classes sociais, ideias e sexualidades.
A partir da trajetória de Tibira, pessoa tupinambá executada por invasores europeus no Maranhão do século 17, Camila de Caux (1982) faz do ensaio “Vestígios da natureza”, segundo colocado no concurso, uma reflexão contemporânea sobre a plasticidade de gêneros e as violências a que foram e são submetidos. Nascida em Minas Gerais e radicada em São Paulo, ela coedita a revista A Perfect Storm (aperfectstorm.net) e dedica-se à pesquisa e à escrita literária e acadêmica. Publicou, com Eduardo Viveiros de Castro e Guilherme Heurich, o livro Araweté: um povo da Amazônia (Sesc, 2017).
A Porto Alegre devastada pelas enchentes de 2024 se insinua de formas pouco óbvias em “Memorabília”, ensaio pessoal em que Maria Isabela Moraes (1990) se serve das convenções do diário na discussão de formas de pertencimento, solidariedade e solidão em face de eventos extremos. Terceira colocada no concurso, ela nasceu em Sergipe e vive no Rio Grande do Sul, é mestranda em escrita criativa na PUCRS, graduada em jornalismo e em letras. Autora do livro de contos Fraturas repentinas (edições blague), trabalha em sua Trilogia da vertigem, confluência de ensaio, poesia e novela literária.
A 7a edição do concurso recebeu cerca de 400 inscrições. Além dos prêmios principais, o júri decidiu conceder menções honrosas a dois ensaios, que serão publicados na serrote em março de 2025: “Escreva, preta, escreva!”, de Iris Verena Oliveira, e “Sala de lixo”, de Pedro Vitor Costa.