Resultado do 6º Concurso de Ensaísmo serrote
Fernanda Silva e Sousa, Thaís Regina e Padmateo são as ganhadoras do 6º Concurso de Ensaísmo serrote, promovido pela revista de ensaios do Instituto Moreira Salles. Além de receber prêmios em dinheiro, as três terão seus ensaios publicados na serrote 45, que chega às livrarias em novembro de 2023. O júri desta edição do concurso foi composto pela escritora Bianca Santana, a jornalista Fabiana Moraes, a romancista Ieda Magri e os editores da serrote, Paulo Roberto Pires e Guilherme Freitas.
Primeira colocada no concurso, a tradutora, crítica literária e professora Fernanda Silva e Sousa (1993) é nascida e criada no Itaim Paulista, extremo leste da cidade de São Paulo. É formada em letras pela USP, onde atualmente é doutoranda em teoria literária e literatura comparada. No ensaio “Dos pés escuros que são amados”, ela parte da história de Ruth Middleton, uma mulher escravizada nos EUA do século 19, e passa pelos escritos de Carolina Maria de Jesus e Lívia Natália para flagrar, com entonação literária, gestos de amor que permitem reconstituir a experiência de pessoas negras ao longo de três séculos.
Em segundo lugar ficou a repórter e ensaísta paulistana Thaís Regina (1996), formada em jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero e com especialização na PUC-SP em psicanálise em situações sociais críticas. Atualmente, estuda a relação entre prisões, poder e resistência. No texto “Severinos, o Brasil é uma guerra nossa”, ela articula ensaio pessoal e jornalismo para refletir sobre a trajetória do avô, presidiário por mais de duas décadas, que mostra como é possível emergir da dor num país que faz do sofrimento o padrão de vida de parte de sua população.
Terceira colocada, Padmateo (1999) vive e trabalha entre Salvador e Jequié (BA), onde nasceu. É artista transdisciplinar e crítica de arte, bacharelanda em artes visuais pela UFBA e em arquitetura e urbanismo pela Unifacs. No ensaio “Pepper’s Ghost”, convoca Monga, a mulher gorila, Kafka e Paul Preciado para discutir as imagens possíveis de pessoas em transição, enfocando o corpo não binário e seu complexo diálogo com a sociedade.
O concurso recebeu quase 350 inscrições. Além dos prêmios principais, o júri decidiu conceder menções honrosas a quatro ensaios, que serão publicados na serrote ao longo de 2024: “Apontamentos para costurar mortalhas”, de Douglas Sacramento (Salvador, 1993); “Abrir a porta: como podem imagens participar de uma luta em curso?”, de Ingá Patriota (Olinda, 1996); “Era possível anoitecer como velhim e acordar como curumim”, de kulumyn açu (Fortaleza, 1995); e “Encruzas amazônicas”, de Rogerio Almeida (Santarém, 1967).