serrote 26

serrote 26

A serrote 26, que chega às livrarias em julho, traz um ensaio clássico de James Baldwin sobre racismo, publicado pela primeira vez no Brasil, e um relato de Teju Cole sobre uma viagem inspirada em Baldwin. Além disso, a revista apresenta um trecho do novo livro da mexicana Valeria Luiselli e ensaios de Patrick Deville, Leonardo Fróes e Fredric Jameson, entre outros. Leia abaixo o editorial e o sumário desta edição.

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Ensaio é jogo e dissonância. Instância radical de liberdade de pensamento, é exercício intelectual e disciplina de guerra. E por isso mesmo necessário num mundo em que, pela fabricação de consensos, tenta-se naturalizar todo tipo de dominação.

Valeria Luiselli nasceu no México e vive na mesma Nova York de Teju Cole, que nasceu nos Estados Unidos e criou-se na Nigéria. Consagrados na ficção, recorrem ao ensaio para refletir sobre xenofobia e racismo a partir de vivências pessoais que, longe de se esgotarem em seus umbigos, se abrem para a experiência coletiva. Ela, como intérprete voluntária de crianças mexicanas tentando cruzar sozinhas a fronteira americana. Ele, ao refazer a mítica viagem de James Baldwin a uma cidadezinha nos Alpes suíços.

Autor de alguns dos mais belos e duros ensaios sobre o racismo, Baldwin faz das temporadas passadas em Leukerbad um sinistro inventário das conjugações do verbo discriminar. Publicado nos anos 1950, “O estranho no vilarejo” chega ao Brasil intacto e atual, tanto pela perenidade da estupidez humana quanto pelo fino bisturi com que disseca as formas de segregação.

Na paisagem disforme da pós-verdade, o ensaísta é, em qualquer latitude, aquele que se ocupa das arestas. (Paulo Roberto Pires)

 

IMIGRAÇÃO
Valeria Luiselli
“Por que você veio?”
A Trumplândia brilha em alta resolução no questionário dirigido às crianças que atravessam sozinhas e sem documentos a fronteira do México para os Estados Unidos

SOCIEDADE
Jean-François Bert / Jacqueline Verdeaux
O bloco dos sem-razão
Ao presenciar, nos anos 1950, o carnaval de pacientes de um asilo suíço, o jovem Michel Foucault encontrou uma das chaves para sua História da loucura

VIAGEM
Patrick Deville / Ilya Kabakov
Expresso Transcaucasiano
Entre o Azerbaijão e a Geórgia, na pista de poetas trágicos, de Stálin e de Lumumba, uma viagem pelas ruínas do império soviético

ENSAIO VISUAL
Alejandro Magallanes
História da arte em 100 desenhos

RACISMO
James Baldwin / Romare Bearden
O estranho no vilarejo
Teju Cole
Um corpo negro
Em 1951, James Baldwin foi o primeiro negro a botar os pés em Leukerbad. No vilarejo suíço, que vivia alheio à luta pelos direitos civis, encontrou um espelho do racismo disseminado pelo mundo e, sobretudo, do combate contra o preconceito travado nos Estados Unidos. Sua passagem pelo balneário dos Alpes resultou em “O estranho no vilarejo”, ensaio hoje clássico que Teju Cole tomou como bússola ao refazer a viagem decisiva de Baldwin em “Um corpo negro”. Sessenta anos depois, o mundo, como constatara o autor de Notas de um filho desta terra, jamais voltaria a ser branco.

HISTÓRIA
Mary Beard
O riso, antigo e moderno
De Plínio, o Velho, a Freud, as teorias sobre o riso falham quanto mais tentam explicar e tipificar o que seria essa faculdade exclusivamente humana

POESIA
Leonardo Fróes / Nigel Peake
Um detalhe na paisagem
Retirar-se da cidade é, para toda uma linhagem de poetas, mais do que afrontar os excessos de civilização: o que nasce no campo é um outro “eu”, integrado e até diluído em seu entorno

LITERATURA
Fredric Jameson / Ed Ruscha
Jogo enganoso
No registro falsamente desinteressado das falas e modos de uma Los Angeles banal, Raymond Chandler faz do romance policial um dos grandes momentos do modernismo tardio

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