serrote 49

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Nova edição traz trechos de livros de Richard Sennett e Didier Eribon inéditos no Brasil, entre outros ensaios

CARTA DO EDITOR

O ensaio é a regência da dúvida e, por isso, antídoto ao conformismo, vício hoje consagrado como virtude. Os autores aqui reunidos reiteram a insubmissão ao que é proposto e imposto como natural e imutável, da confiabilidade da primeira pessoa às instâncias de dominação masculina.

É contra esta, aliás, que se organiza o “desobedecedário” de Sara Berbel Sánchez e Bernat Castany Prado, manual irônico e prático de estratégias possíveis para enfrentar os ditames do patriarcado.

As nuances e ambiguidades que Maria Cecilia Brandi sublinha ao inventariar os simbolismos da cor amarela também regem as análises de Didier Eribon e Merve Emre em torno da massiva produção de textos centrados na vivência de seus autores – e, não raro, indo pouco além dela.

Arguto observador da experiência urbana e da vida comunitária, Richard Sennett esquadrinha a sociedade a partir da ideia de performance, que tem na arte sua acepção mais consagrada e é por ele estendida à complexidade da experiência humana. (Paulo Roberto Pires)

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SUMÁRIO

SOCIEDADE
Bernat Castany Prado e Sara Berbel Sánchez/ Sophia Pinheiro
Obedecedário patriarcal
Estratégias para desobediência

ENSAIO PESSOAL
Didier Eribon/ Ricardo Reis
Datas de nascimento
Narrativas de si e a ontologia do presente

Merve Emre/ Harland Miller
A ilusão da primeira pessoa
O ensaio pessoal é hoje uma mentira, que supõe a existência de uma subjetividade individual anterior às formações sociais que lhe deram origem

ENSAIO VISUAL
Emilia Estrada
Palestinas

ARTE
Maria Ceciila Brandi/ Joules & Joules
Degradê de delícias e dores
Do brilho do sol ao estigma da segregação, a simbologia do amarelo atravessa os séculos com a marca da ambiguidade

CONCURSO SERROTE
Iris Verena Oliveira/ Castiel Vitorino Brasileiro
Escreva, preta. Escreva!
Transformada pelas cotas, a universidade ainda precisa tornar a escrita acadêmica permeável a corpos, sotaques e saberes que não compreende ou desconhece

Pedro Vitor Costa/  R. Trompaz
Sala de lixo
Dos “quartos de empregada” às usinas nucleares, a lógica do dejeto contamina as projeções de futuro e com elas se confunde

CRÍTICA
Jorge Schwartz
O atlas de Torres García
Álbum inédito de recortes e montagens do artista uruguaio se situa entre a obra de arte e o arquivo como procedimento, remetendo ao método de Aby Warburg

ENSAIO
Richard Sennett/ Guto Lacaz
Performances perturbadoras
Na filosofia e na revolução, na arte e diante da morte, a ideia de performance permeia os múltiplos e complexos enfrentamentos entre civilização e barbárie

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