Wilma Martins – Dois cadernos
Em 2016, a serrote #23 apresentou dois cadernos com desenhos de Wilma Martins. Em homenagem à artista mineira, morta aos 88 anos, publicamos aqui a íntegra do ensaio visual e do texto de apresentação
A ideia de que Wilma Martins habita sua obra é menos metáfora do que precisão de ponto de vista. Estes dois cadernos mostram como a artista mineira, há cinco décadas radicada no Rio de Janeiro, gravita em torno da casa que idealizou e fez construir num dos morros do bairro carioca de Santa Teresa, casa incrustada numa paisagem que ela havia pintado e que observava de longe, da janela de um apartamento onde viveu.
Instalada, portanto, dentro de um desenho, ela passa a produzir outros desenhos. Na primeira série, o que ela vê hoje de suas janelas é o que se vê num delicado caderninho artesanal que guarda 14 paisagens, definidas pelo marido, o crítico Frederico Morais, como um pequeno ciclorama. “Paisagem do Rio para ser levada no bolso quando se ausentar da cidade”, anotou ela num pedaço de papel que nos enviou como um comentário, mas que é também um modo de usar, um título.
Olhando para dentro da casa, Wilma nos faz ver feras e selvas brotando na cama desarrumada, entre os livros, na pia cheia de louça. Os desenhos e as telas de Cotidiano, em grande formato, foram feitos entre 1975 e 1984. Depois, ela passou a copiá-los num caderno, como se organizasse aqueles fragmentos de casas dentro desta onde vive hoje. Deste segundo caderno, selecionamos as imagens que se seguem.
Artista de artistas, menos conhecida do público do que merece sua obra impressionante, teve editados em 2015 Cotidiano (Caderno de desenho), Caderno de viagem e o volume retrospectivo Wilma Martins.
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