serrote 29
A serrote 29 chega às livrarias em julho com uma seção especial em que seis intelectuais brasileiros refletem sobre figuras centrais da política nacional. “Pequeno dicionário de grandes personagens da República” reúne verbetes escritos por Renato Lessa (Candidato), Noemi Jaffe (Eleitora), Heloisa Murgel Starling (General), Mário Magalhães (Jornalista), Conrado Hübner Mendes (Juiz) e Luiz Felipe de Alencastro (Vice).
A revista traz também textos sobre as origens do termo “politicamente correto”, por Moira Weigel, e sobre o sexismo refletido na história da boneca Barbie, por Jill Lepore. E ainda ensaios do crítico de cinema A.O. Scott, da pensadora feminista Audre Lorde, do ensaísta Carlos Monsiváis, e muito mais. Leia abaixo o editorial e o sumário da edição.
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Diz-se que o radicalismo é um dos males do Brasil de hoje. Antes fosse, seria o caso de se pensar. Em meio à algaravia de opiniões, da imprensa às redes sociais, basta apurar o ouvido para constatar que, sob estridência e agressividade, o que falta mesmo é firmeza de ponto de vista e disposição para um confronto de ideias à vera.
No ensaio que encerra esta edição, A. O. Scott faz uma concisa declaração de princípios que tomo como epígrafe para esta e outras serrotes: “Nenhum crítico que se preze pode ser um apóstolo da moderação”. Exemplos não faltam nas páginas que se seguem.
Na contramão da boa consciência liberal que aponta “excessos” na militância politicamente correta, a jovem professora Moira Weigel lembra como o universo do PC foi e é instrumentalizado por conservadores para simplesmente desqualificar a energia de reivindicação que ele envolve.
Aos apelos ao consenso pelo consenso, Audre Lorde contrapõe a raiva, e nunca o ódio, como inseparável da militância do feminismo negro do qual ela é uma liderança histórica.
Jill Lepore, historiadora, aponta as formas de controle do corpo da mulher a partir dos imbróglios envolvendo a Barbie, a mais lucrativa exploração dos modelos caricatos de feminilidade.
Nesse espírito de inquietação, pedimos que seis intelectuais brasileiros passassem em revista personagens importantes da República, lembrando o papel que lhes era destinado e o que efetivamente cumprem. Entre um e outro, abre-se um cânion e, com ele, a convicção atordoante que vem da poeta polonesa Wislawa Szymborska: “O abismo não nos divide./ O abismo nos cerca.” (Paulo Roberto Pires)
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PEQUENO DICIONÁRIO DE GRANDES PERSONAGENS DA REPÚBLICA
Renato Lessa
Candidato
Noemi Jaffe
Eleitora
Heloisa Murgel Starling
General
Mário Magalhães
Jornalista
Conrado Hübner Mendes
Juiz
Luiz Felipe de Alencastro
Vice
POLITICAMENTE CORRETO
Moira Weigel / Matthew Connors
Um álibi para o autoritarismo
Manipulado pela direita para ridicularizar ativistas, o termo ‘politicamente correto’ é usado por grupos e políticos truculentos para seduzir eleitores, em sua maioria brancos, ressentidos com mudanças de padrões culturais e sociais
RACISMO
Audre Lorde / Julie Mehretu
Olho no olho
Mulheres negras, ódio e raiva
CLÁSSSICO
Charles Lamb / Cassandre
Confissões de um beberrão
Quem bebe é objeto da compaixão dos amigos e do escárnio dos inimigos; passa por idiota quando não consegue ser espirituoso e por espirituoso quando sabe que foi idiota
ENSAIO VISUAL
Jorge Macchi
Aquarelas
AMÉRICA LATINA
Carlos Monsiváis / Joaquin Trujillo
A cafonice
Nem kitsch nem camp, a América Latina é antes de tudo cafona, a súmula estética daqueles que, sem tempo para pensar na beleza, gostariam de segurá-la por alguns instantes
FILOSOFIA
Eduardo Jardim / Chantal Joffe
Hannah Arendt e nós
A filósofa alemã ganhou nova força no Brasil da abertura política, momento ideal para um pensamento da crise e de um novo início
FEMINISMO
Jill Lepore / Mariel Clayton
A guerra das bonecas
A disputa entre os fabricantes da Barbie e da Bratz expõe a sexualização e o sexismo da indústria dos brinquedos e os níveis de ofensa aos direitos da mulher
LITERATURA
Hanna Diab / Laleh Khorramian
A viagem das ‘Mil e uma noites’
Os diários do viajante sírio que ajudou a levar para o Ocidente algumas das histórias mais conhecidas de todos os tempos. Seleção, tradução e apresentação de Mamede Mustafa Jarouche
CRÍTICA
A. O. Scott / Yves Klein
Como estar errado
Os equívocos de um crítico dizem de seu esforço sincero e aplicado em não se submeter às certezas da nostalgia nem ao ritmo insano das novidades
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