Resultado do 8º concurso de ensaísmo serrote

A antropóloga e artista Ava Cruz, o poeta e tradutor Tom Nóbrega Silva e a jornalista Carolina Marcondes são as ganhadoras da oitava edição do Concurso de Ensaísmo serrote, promovido pela revista de ensaios do Instituto Moreira Salles. Seus ensaios serão publicados na serrote 51, que chega às livrarias em novembro de 2025. O júri foi composto pelo antropólogo e jornalista Fábio Zuker, a escritora, pesquisadora e editora Fernanda Sousa, a historiadora Ynaê Lopes dos Santos e os editores da serrote, Paulo Roberto Pires e Guilherme Freitas.

Saiba mais sobre a serrote 51

Nascida em Minas Gerais, Ava Cruz (1998) é doutoranda travesti em antropologia social na Universidade de São Paulo (USP), onde pesquisa as intersecções entre gênero, sexualidade e religiões afro-brasileiras, com atenção especial às vivências de pessoas trans em múltiplas tradições, como o candomblé, a umbanda, o tambor de mina e a quimbanda. Premiado em primeiro lugar no concurso, o ensaio “Ritual para um arquivo travesti” reconstitui a trajetória de Thais Diniz, e de toda uma comunidade trans dos anos 1980, a partir de uma série de fotografias antigas e escassos registros documentais. Cruz é mestra pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) na linha de religião, corpo e saúde. Além da trajetória acadêmica, atua como artista visual, desenvolvendo performances, instalações e trabalhos gráficos que exploram as intersecções entre corpo, ritual e espiritualidade sob uma perspectiva transcentrada.

Em segundo lugar ficou o ensaio “Telefone sem fio”, de Tom Nóbrega Silva (1984), que parte da brincadeira infantil para refletir sobre sua experiência como deficiente auditivo e a relação humana com sons e vozes. Bacharel em filosofia pela Universidade de São Paulo, navega por zonas híbridas entre arte e teoria, e se define como “um tanto cyborg”, que, além de um par de aparelhos auditivos, usa lentes de contato, tem sete pinos de titânio no tornozelo, quatro implantes dentários e toma injeções de testosterona de três em três meses.  Atualmente, realiza um projeto de mestrado no Instituto de Artes da Unesp, em São Paulo. É poeta e tradutor, e seus trabalhos se desenrolam na fronteira entre a literatura, a dança e a arte sonora.

No ensaio “Com amor, Isilda”, terceiro colocado no concurso, a paulista Carolina Marcondes (1981) revisita os diários de sua tia, vítima de feminicídio quando o termo não existia, e mostra como o assassinato é a culminância de violências simbólicas e concretas do cotidiano. Marcondes é jornalista e redatora desde 1999. Foi repórter de economia entre 2005 e 2012, trabalhou na agência Thomson Reuters, antes de migrar para assessorias de comunicação. Este ensaio é a base do que será seu primeiro livro, que contará a história de sua tia, Isilda.

A 8a edição do concurso recebeu cerca de 350 inscrições. Além dos prêmios principais, o júri decidiu conceder menções honrosas a dois ensaios, que serão publicados na serrote 52: “Rotas de fuga”, de Fernanda Lima da Silva, e “Máquinas de fazer máquinas”, de Mayane Batista.