serrote 43
Nova edição da revista de ensaios do IMS traz seção especial editada pelo jornalista Jefferson Barbosa, do coletivo Perifa Connection, e colaborações de Alan Pauls, Achille Mbembe, Djaimilia Pereira de Almeda, Stephanie Borges, Jaime Lauriano e muito mais
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CARTA DO EDITOR
Celebrar a vitória da democracia nas eleições de 2022 não implica se contentar apenas com a mudança que ela sem dúvida representa. Jornalista e coordenador do Perifa Connection, Jefferson Barbosa propôs que três intelectuais refletissem, no conjunto de ensaios que abre esta edição, sobre alguns dos pontos cegos da representatividade no Brasil de 2023.
A urgência própria desse tipo de intervenção tem seu complemento na longa e meditada análise de Achille Mbembe sobre a persistência, na vida contemporânea, de um “espírito de violência” que nasce com a colonização.
As relações entre autobiografia e ensaio são discutidas por Felipe Charbel numa revisão crítica do que de melhor se tem escrito sobre o tema, discussão também presente na homenagem de Kelvin Falcão Klein ao poeta Hans Magnus Enzensberger, morto em novembro do ano passado.
As obras de Monet e Jeff Koons, os antepassados africanos de Púchkin e a ética de luta de Carlos Marighella também são discutidos nesta que é a primeira serrote depois da devolução da extrema direita ao limbo onde deve permanecer. (Paulo Roberto Pires)
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SUMÁRIO
INSTIGAR A LUTA
Jefferson Barbosa / Heloisa Hariadne
O debate público ainda está muito branco, mas outras cores e valores vêm se apropriando desse lugar de fala, não somente pela palavra mas também pelas ações que precisam ser assumidas. Uma quilombola do Jalapão, Ana Mumbuca, a professora Jaqueline Gomes de Jesus, um babalorixá, Pai Adailton Moreira, e a artista Heloisa Hariadne compõem roda de conversa de diferentes pontos de vista para que a nossa alegria definitivamente não seja momentânea
Ana Mumbuca
Quilombo e vida contracolonial
Jaqueline Gomes de Jesus
Ação afirmativa e reparação
Adailton Moreira Costa
Mães de santo e representatividade
PÚCHKIN
Jennifer Wilson
O primeiro russo
Um romance inacabado sobre seu bisavô africano oferece bons indícios de como Aleksandr Púchkin lidava com a própria negritude
ENSAIO PESSOAL
Felipe Charbel / Efrain Almeida
Formas de falar de si
O ensaísta mergulha em suas experiências e põe à prova suas certezas mais consolidadas no esforço de compreender algo que está localizado fora do eu
CONVERSA
Djaimilia Pereira de Almeida / Stephanie Borges / Carla Santana
“Minha imaginação não se distingue da minha identidade”
Para marcar o lançamento da serrote #41, Djaimilia Pereira de Almeida conversou com Stephanie Borges a propósito de “O que é ser uma escritora negra hoje, de acordo comigo”, ensaio que a escritora portuguesa publicou naquela edição. O diálogo expandiu ideias do texto original e desenvolveu questões complexas num ensaio a duas vozes que publicamos aqui
ARTE
Jean-Philippe Toussaint
O instante preciso em que Monet entra no ateliê
Quero reter Monet agora, neste instante preciso em que ele empurra a porta do ateliê, à luz ainda cinzenta do dia nascente. É minha hora preferida, é a hora abençoada em que a obra está à nossa espera
ENSAIO VISUAL
Jaime Lauriano
“Afirmação do valor do homem brasileiro”
ESCRITA
Alan Pauls / Marcius Galan
Errar outra vez
A compulsão pela revisão é menos a solução de problemas do que o encontro do escritor com sua própria voz
CONCURSO SERROTE
Leonardo Araújo / Zé de Rocha
Mitologia e corpo revolucionários
O Minimanual do guerrilheiro urbano, de Carlos Marighella, é um pequeno tratado de filosofia que discute a legitimidade do uso da força e os princípios de uma ética marcial
LITERATURA
Kelvin Falcão Klein
Mausoléu para Enzensberger
Num percurso por artistas mortos que nos acompanham pela vida, nada está perdido: o passado segue passando
CONCURSO SERROTE
Pedro Fernandez de Souza / Matze Gebauer
Daquilo que nos une
Em A fita branca, Michael Haneke trata o fascismo como um enigma sem solução que ilumina tanto a Alemanha nazista quanto o Brasil contemporâneo
CRÍTICA
Vinicius de Figueiredo / Jeff Koons
A poética da autopromoção
Refratária à diferença e a uma experiência do que pode ser comum, a obra de Jeff Koons expressa valores caros ao extremismo
COLONIALISMO
Achille Mbembe / Pedro Neves
Sobre o exterior do mundo
O discurso colonial expulsa os dominados da civilização num duplo movimento que consiste em destruir e criar, criar destruindo, criar a destruição e destruir o que foi criado
Capa de Jaime Lauriano